11/11: Por que 'Black Friday chinesa' é chamada de 'Dia dos Solteiros'

Se os EUA conseguiram exportar a ideia de Black Friday para o Brasil, agora é a vez da China entrar na briga com uma data “comemorativa” de promoções, o 11/11, conhecida como “Double Eleven” ou “Dia dos Solteiros”.

Grandes varejistas do país asiático, como Aliexpress e Shein, que fazem muito sucesso no Brasil exibem banners de promoções e descontos nesta quinta-feira. O Shoppe, que tem sua sede em Singapura, e tem crescido cada vez mais no Brasil, também entrou na onda.

Mas de onde vem essa data?

O dia 11/11 é considerado “Dia dos Solteiros” na China e nasceu como uma brincadeira “contra” o dia dos namorados. A ideia é que os amigos solteiros possam se juntar para fazer compras juntos.

No país, os solteiros são chamados de “galhos nus”, ou seja, galhos que que ainda não floresceram e, por isso, a data para representá-los é uma sequência de números 1.

E como virou “feriado”?

A primeira edição do evento aconteceu em 2009 e foi organizada pelo conglomerado Alibaba (dono do Aliexpress) justamente para concorrer com a Black Friday norte-americana.

Vai colar?

Em entrevista coletiva, Yan Di, gerente do AliExpress no Brasil, disse que a operação do Alibaba no Dia dos Solteiros movimentou US$ 74 bilhões em 2020.

Esse valor representa mais do que quatro anos inteiros de vendas do ecommerce brasileiro, que movimentou R$ 53 bilhões em 2021, segundo levantamento do site eBit.

O executivo informou que a empresa está preparando pelo menos seis aviões fretados para fazer entregas vindas da China ao Brasil.

Black Friday vs Double Eleven: o que tem de diferente?

Na disputa comercial da China com os EUA pelo campo do comércio eletrônico, a China parece ter uma vantagem importante. Além de sua população consumidora de 1,8 bilhões de pessoas, as marcas de ecommerce asiático estão em expansão pelo mundo.

A AliExpress, por exemplo, tem atualmente uma frota de 80 aeronaves entregando mercadorias chinesas para os cinco continentes. Dessas, cinco servem regularmente o mercado brasileiro, de acordo com informações de Yan Di.

Estratégia para atrair brasileiros

Nos últimos anos, o ecommerce chinês e asiático investiu no Brasil divulgando suas marcas a partir de parceria com influenciadores e com propagandas (veiculadas em comerciais de TV e redes sociais, por exemplo).

Segundo dados do Instituto Reclame Aqui, que avalia a satisfação dos consumidores brasileiros em compras online nacional, 56,5% dos entrevistados disseram já ter comprado em plataformas do leste asiático como AliExpress, Shein e Shopee.

A AliExpress ocupa 32% do mercado de sites de vendas internacionais que atuam por aqui, segundo o executivo. E para atrair mais o público brasileiro, ela permitirá pela primeira vez pagamentos via PIX e parcelamento em diferentes opções.

Além disso, influenciadores digitais no TikTok, entre eles PKllipe, Tirulipa, Camila Loures, Gabi Martins e Juliana Puzzuoli, todos com audiências na casa do milhão farão ações em nome da marca — para convencer os consumidores a gastar na plataforma, principalmente os mais jovens.

A edição de 2021 marca também a primeira vez em que vendedores brasileiros poderão vender na plataforma durante o evento, explicou o executivo da Aliexpress —a empresa autorizou a entrada de lojistas nacionais em agosto deste ano.

Os brasileiros também poderão pela primeira vez usar a ferramenta “live commerce”, em que os lojistas fazem transmissões ao vivo enquanto vendem seus produtos, uma versão moderna das televendas do passado.

Não caia em roubada

Como em qualquer compra online, fazer uma boa pesquisa antes de efetuar um produto é essencial. Para evitar dor de cabeça, procure na página do vendedor escolhido opiniões de outros consumidores, principalmente de compradores brasileiros.

A nota do lojista na plataforma — geralmente de zero a cinco — também é uma boa indicação da qualidade do serviço e dos produtos. Outra boa dica é desconfiar de valores muito baixos, principalmente de eletrônicos como computadores, celulares e consoles de videogame.

No caso de compras internacionais realizadas em sites estrangeiros, a atenção deve ser redobrada. Isso porque a aquisição de produtos nessas plataformas configura importação direta, logo, o Código de Defesa do Consumidor não garante os mesmos direitos das compras em lojas nacionais, como a garantia.

Lembre-se ainda de calcular o valor da sua compra e o frete. No Brasil, a legislação permite que você importe produtos de até US$ 100 dólares sem taxas alfandegárias na mesma compra.

Aquisições com valores superiores podem ser taxadas em até 60% pela Receita Federal. Nesse caso, o consumidor só poderá retirar o produto em uma agência dos Correios mediante pagamento do imposto federal.

Yan Di afirmou que a operação local do AliExpress facilita a devolução de compras realizadas na plataforma por meio de parceiros logísticos locais. Nessa situação, em caso de retorno do produto, o consumidor receberia o dinheiro de forma mais rápida, pois o item não precisaria voltar à China para o estorno ser realizado.

*Com matéria de Lucas Santana


PUBLICIDADE
Imagem Clicável